Curta

Lovefield

Catarina Gomes Sousa

Catarina Gomes Sousa

·2 min de leitura

'Campo de amor' pode ser uma ironia, tal como a voz mórbida do corvo que, aos poucos, ganha uma nova vida.

Um corvo crocita numa seara em Hedren Hill County, uma zona deserta nas proximidades de Bishopville. A voz do pássaro mistura-se com o ranger da placa indicativa e até com o som do vento - quase tão arrepiantes como o toque de um telemóvel caído no chão, junto a uma mala feminina. Um pouco mais longe, são visíveis os pés de uma mulher, cobertos de sangue. Ela grita, desesperada. De repente, após longos momentos de agonia, os gritos param. Uma mão masculina crava uma faca ensanguentada no chão. Ele, um homem de meia-idade, corre, afasta-se, abre a bagageira do carro à procura de uma manta. Parece assustado. Depois, aproxima-se novamente da mulher, que está imóvel no chão. O que se segue depois pode parecer previsível, mas Lovefield, de Mathieu Ratthe, é tudo menos isso. Com um "plot twist" fantástico, a curta, de 2008, consegue ir do horror ao drama em pouco mais de cinco minutos, envolvendo o público num suspense intenso do princípio ao fim. Apesar de não ter como objetivo passar essa mensagem, ver o filme mostra-nos que nem tudo o que parece é. 'Campo de amor' pode ser uma ironia, tal como a voz mórbida do corvo que, aos poucos, ganha uma nova vida...

Partilhar: